terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Meu Presente de Natal Para Vocês




Eu estava presa no transito chuvoso da minha cidade, comendo pão de queijo e tomando um café quente em um taxi, eu estava completamente desconfortável, pois notei os olhos do taxista me fitando.
— Desculpa moço... Não vou sujar seu carro – eu disse timidamente —... Mas eu estou com fome – o inesperado barulho do meu estomago reforçaram minhas palavras.
— Ok, vou acreditar em você moça – ele me disse dando um voto de confiança.
— Obrigado. – disse meio sem graça
Olhei para fora e percebi que a chuva agora não era tão forte, mas continuava insistente e isso me desanimou um pouco, pois eu estava planejando ir comprar os presentes de natal pra minha família, não ia ser nada grandioso mais essa iria ser a primeira vez que eu daria presentes pra minha família porque eu tenho 19 anos e esse é meu primeiro emprego, finalmente vou comprar uma coisa para meus pais.
— Moça, chegamos ao shopping – a voz do taxista me tirou dos meus devaneios.
— Oh! Desculpe. – sorri e olhei o taxímetro que mostrava a quantia que tinha que pagar, peguei o dinheiro e paguei a ele. — Muito obrigado e boa noite senhor. – disse a ele.
Ele virou para me encarar e vi que ele era MUITO bonito e não era tão velho assim, ele tinha olhos azuis acinzentados — Muito obrigado à senhorita... – ele sorriu para mim, um sorriso sincero — Boa noite.
Fiquei meio corada, mas tentei disfarçar, sorri novamente e sai do carro batendo a porta suavemente e correndo para dentro do shopping para não pegar chuva. Entrei já olhando em volta para poder ver a decoração feita para o natal – essa é minha época favorita do ano – estavam todas as lojas com enfeites e no centro do piso térreo tinha uma enorme arvore com lindos pacotes de presentes. Pode me chamar de infantil, mas eu gosto muito dessas coisas e viro uma criança grande nessa época.
Fui passando de loja em loja comprando os devidos presentes para cada membro da minha família me perdendo no tempo, sem perceber que já estava ficando tarde e as lojas já estavam bem vazias. Fui para a livraria comprar os livros dos meus sobrinhos eram os últimos presentes a serem comprados sei que Henrique e Alice queriam livros sobre reis e rainhas então optei por comprar para os dois As Crônicas de Narnia a mesma edição que eu tenho (a ilustrada e colorida de capa dura) sei que eles vão adorar porque eu amo esse livro e as crianças puxaram o bom gosto por leitura da tia, – meu ego nem é inflado não é? – então entrei na livraria em busca desse livro pra dar aqueles dois, depois que peguei o livro e paguei resolvi voltar para casa ter meu merecido descanso, porém quando ia sair da loja vi um livro que me chamou muito a atenção, eu não consegui tirar os olhos do grande livro com capa vermelha, um lindo desenho de pinheiros nevados,uma lua enorme com um treno puxado por renas passando por ela e um garoto dos cabelos louros prateados olhando para ele e com o titulo em letras prateadas com duas palavras destacadas em dourado. O titulo era “O Pior ou O Melhor Natal da Minha Vida” cheguei perto do livro e me senti totalmente atraída por ele, porém já tinha gasto todo meu dinheiro e a loja estava quase fechando, com um olhar triste pedi desculpas para o livro mentalmente e me virei, para ir embora com um forte aperto no peito – pois é eu sou assim se eu não compro o livro que me “seduziu” fico muito triste – comecei a caminhar e por um breve momento tive a sensação de estar sendo observada, mas deixei isso pra lá tinha outras coisas para me preocupar como: está super tarde, não tenho carro, tenho que ir pra casa cheia de sacolas e essa chuva não passou ainda. Fui até o ponto de taxi e lá só tinha um taxi pro qual eu segui correndo por culpa da forte chuva que caia, a porta traseira abriu e eu entrei, mas eu já estava parcialmente molhada e por um pouco os presentes não molham também eu respirava fundo pela breve corrida quando ouvi uma voz já conhecida.
— Agora você vai pra casa moça? – olhei pra cima e me deparei com aqueles olhos azuis acinzentados me encarando com suavidade.
— É dessa vez eu vou sim... – olhei o banco levemente molhado e me senti culpada. — Me desculpe por molhar seu carro.
— Não tem problema moça... – ele riu. — Você se desculpa de mais...
— Mas eu molhei seu carro – eu disse a ele — Não posso ignorar esse fato e nem você...
— Okay – ele riu — Você é teimosa mesmo hein... Vamos fazer assim, eu só de desculpo se você aceitar isso... – ele começou a mexer no banco ao lado —... Sem reclamar, ou tentar me devolver! – ele apertou um botão e ligou o ar-condicionado porque eu estava tremendo de frio.
Ele me passou um pacote enorme e quadrado com um papel azul claro e uma fita prateada e vermelha formando um laço bem bonito, eu fiquei espantada com o tamanho do pacote.
— Você me deu um micro-ondas? – perguntei fazendo graça — Não posso aceitar.
— Mas vai aceitar sim... – ele sorriu ainda me observando, me deixando meio envergonhada, principalmente por nem me conhecer e me dar um presente — Para a onde a moça quer ir? – ele perguntou, e eu disse meu endereço. — E eu sei que você vai gostar do presente, mas só abra em casa. Entendidos?
— Tudo bem, já vi que não vou conseguir convencer o senhor do contrario...
— Você me chamou de que? – Ele me perguntou enquanto saia da vaga do ponto de taxi entrando na rua que para começar o caminho.
— Senhor... – fiquei na duvida se realmente devia ter repetido isso.
— Nossa eu sou tão velho assim? – não respondi sua retórica — Eu só tenho 28...
Sussurrei um “está na idade boa” mais pra mim do que para ele, mas creio que ele ouviu pelo risinho que ele soltou
— Então moça me chame de Jeremy e não de senhor... – ele riu.
— Só se você parar de me chamar de moça e me chamar de Sophie! – eu ri de volta, ele era um cara legal.
— Sophie é um nome bonito... Combina com você! Quantos anos você tem Sophie? – ele puxou assunto.
— Eu tenho 19... – respondi simples.
— Você tem a idade da minha irmã mais nova. – Ele sorriu entrando na rua em que eu morava e em segundos estacionou o carro e ele se voltou para me olhar — Bom Sophie... Está entregue!
Peguei o dinheiro que tinha guardado para o taxi e paguei a ele. — Muito obrigado por tudo Jeremy – Agradeci a ele.
— Que isso Sophie eu que agradeço sua companhia! – Ele estendeu a mão e eu apertei a sua em um comprimento, porém ele virou minha mão e a beijou. — Até qualquer dia!
Eu fiquei vermelha e sorri timidamente. — Até qualquer dia.
Saltei do carro e fui para o portão e entrei para não me molhar mais do que já estava, ao trancar o portão acenei em direção do carro e ele foi embora...
Que dia mais estranho o de hoje, peguei todos os meus pacotes de forma desajeitada e subi as escadas conseguindo em fim entrar em casa. Deixei as coisas na sala e fui tomar um banho porque ainda estava tremendo de frio, quando terminei vesti meu pijama e calcei as pantufas de panda e me olhei no espelho, eu estava pálida, muito pálida mesmo, eu parecia um fantasma de tão branca, eu tinha marcas roxas embaixo dos olhos devido ao sono, a única coisa bonita ali era meu pijama de pandas... Voltei pra sala e comecei a embrulhar os presentes da minha família, embrulhei um por um com o maior cuidado enquanto estava sentada no chão, depois coloquei todos em baixo da minha arvore de natal, esse ano fiz questão de comprar um pinheiro de verdade, ele não era muito grande, mas estava lindo principalmente agora que esta cheio de presentes em volta. Olhei para o lado e vi a imensa caixa de Jeremy em um canto. Peguei a caixa não conseguindo mais conter a curiosidade, sentei-me no sofá e só então reparei um pequeno cartão junto ao laço, porém resolvi abrir meu “micro-ondas” primeiro, segurando a caixa feito uma criança que está segurando um presente dado pelo próprio Noel, puxei as duas fitinhas laterais ao laço desfazendo-o automaticamente, coloquei as fitas no meu colo e desfiz o embrulho azul claro e quando abri a caixa meu coração deu um salto. Em meio a vários floquinhos de isopor pude ver a capa vermelha e simplesmente não pude acreditar! Era o MEU livro! Eu precisava agradecer o Jeremy de alguma forma, ele me deu o livro que eu não pude comprar hoje.
Peguei o livro e observei novamente a capa com os pinheiros nevados, a lua, eu estava radiante com esse livro, coloquei o livro ao meu lado com cuidado e peguei o cartão para começar a ler:

“Moça... Te vi saindo da livraria...
Vi a tristeza de não comprar este livro em seus olhos
enquanto eu tomava café...
Não gosto de ver meninas como você com
aquela carinha triste.
Você me lembrou a minha irmã mais nova...
(não na aparência, você é bem mais bonita que ela; mas enfim
ela consegue tudo o que quer de mim fazendo essa cara triste...)
Espero que goste do presente!
Feliz Natal
Jeremy E. Haner Jr”

Eu dei um pouco de risada do cartão que ele escreveu, ele tinha uma letra tipicamente masculina, mas ela não era feia. Eu gostei do nome dele, era legal de pronunciar, um dia eu agradeceria ele como se deve, porém por hora pegarei o presente que Jeremy me deu e lerei a noite toda! Quando peguei o livro de volta e o abri senti uma euforia muito grande – acho que sou uma maníaca compulsiva por leitura – então abri o livro comecei a ler a primeira pagina que estava escrita com caligrafia de uma pessoa:
Se coragem você tiver,está pagina irá virar.
Não se aflija e não se assuste, pois sua vida irá mudar.
Se este mundo quiser salvar, teu valor terá que provar.
Então considere este aviso, porque já esta ciente do perigo.
Se quiser ajudar teu novo amigo, venha e enfrente seus inimigos”

Adorei o comecinho e sorri.
Virei a pagina.

Você virou a pagina!
Vejo que coragem ainda demonstra ter.
Porque perigos já avisei que você irá correr.
Creio que você não acredita em mim, se não o livro teria fechado no fim.
Mas continuo a dizer que se este livro persistir em ler, mudanças drásticas irão acontecer...”

Comecei a estranhar e ficar curiosa.
Porque o livro persiste em incentivar a interromper a leitura? Bom isso só estame deixando mais curiosa ainda então virei mais uma pagina.

“Tudo bem, você insiste.
Porém depois não fique triste.
Foi isso que você escolheu.
Então agora vai para um mundo que jamais conheceu.
Coisas que nunca pensou.
Verás nesse mundo que você nem sequer imaginou.
Tudo que você conhece irá mudar.
Pois agora uma viagem você fará.
Então prepara-se...”

Uma luz forte saiu do livro e me assustei, tentei jogar o livro longe, mas não consegui não ler a ultima frase:

“Sua jornada acaba de começar”

Deixei o livro de lado e tentei me afastar dele, mas não consegui, me senti tonta e desmaiei na sala.
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Acordei morrendo de frio, eu estava congelando mesmo! E minha cabeça parecia que ia estourar! Minhas têmporas pulsavam intensamente, consegui abrir os olhos com certa dificuldade, devido à dor que eu estava sentindo, quando eu finalmente me sentei e abri os olhos entrei em um pânico mudo. Eu estava sentada, de pijama e pantufas, em um chão coberto por neve, em uma espécie de floresta sendo que há dois segundos eu estava no sofá da minha casa lendo. Levantei-me tentando lembrar se tinha saído, mas nada me veio à mente. Comecei a andar porque não queria morrer congelada já que eu não sei ha quanto tempo estava jogada na neve, comecei a andar sem rumo tentando entender o que havia acontecido e achar um lugar para me abrigar desse frio maluco. Meu corpo já estava dolorido de tanto andar quando eu ouvi barulho de galope se aproximando, me assustei e queria um lugar para me esconder, mas pra todo lado só tinha o branco da neve, as arvores estavam longe... Não tinha o que fazer – e não havia mais tempo porque o barulho de galope parou as minhas costas e eu me encolhi um pouco – e nem como se esconder.

— Vire-se! –uma voz masculina ordenou e eu obedeci — Quem é você? – Um homem com os cabelos loiros, dos olhos verdes e armadura me perguntou.

— Meu nome é Sophie... – respondi com voz rouca devido ao frio —... Eu estou perdida senhor. – me perdi nos olhos verdes dele, mas lembrei de ter um pouco de educação.

— Como você chegou aqui? – as feições dele suavizaram um pouco.

— Eu realmente não sei senhor – pensei um pouco, eu estava confusa de mais — Eu estava na minha casa quando me senti tonta e desmaiei e acordei aqui. Eu não faço ideia de onde estou.

— Venha... – ele estendeu uma mão para mim — Não é bom uma garota ficar andando por ai com uma nevasca se aproximando, sua sorte foi encontrar um homem do rei!

Estendi a mão meio receosa, e ele me puxou como se eu fosse uma boneca para cima do cavalo, fiquei sentada de lado a frente dele – sei que é perigoso, mas antes morrer em outro lugar do que aqui no meio da neve – então ele me deu um manto para me cobrir.

— Cubra-se... Você está com os lábios roxos. – ele me disse serio — E meu nome é Sir Thomas.

— Obrigada senhor – quase abracei ele, porque eu estava morrendo de frio! – Digo Sir Thomas.

Cavalgamos em silencio até a entrada de uma cidadezinha com o aspecto bem pacato. Ela era linda. Nunca tinha visto nada igual. As casas eram todas num formato arredondado e seus telhados tinham diferentes formas, alguns chegavam a se assemelhar a animais, elas tinham um tom esverdeado com detalhes vermelhos e elas brilhavam com luzinhas decorativas. Será que aqui também é natal? Bom à única coisa que sei dizer é que me lembravam muito as casinhas dos Hobbits do livro Senhor dos Anéis, eu sinceramente estava muito encantada com as casinhas... Como será que elas são por dentro? Parecem tão pequenas. Queria morar em uma assim!

— Você nunca esteve por estes lados do reino não é mesmo? – ele me perguntou percebendo meu sorriso idiota para as casas.

— Sim, para falar a verdade eu não sei onde eu estou e como vim parar aqui... – falei a verdade para ele.

— Você está em Aelfric, uma das cidades mais receptivas do reino. – ele esboçou um leve sorriso?

— Eu to onde? Que país eu estou? – perguntei num tom meio desesperado.

— Você está na cidade Aelfric no reino do Rei Dan Erik II, em Panmidgard. – ele me disse calmamente.

O quê? Onde fica isso? Eu quero voltar pra casa!

Flashs surgiram na minha mente, eu no shopping fazendo compras, eu olhando um livro da capa vermelha, depois eu em casa no sofá lendo esse livro e uma luz forte saindo dele, então não aguentei e comecei a chorar.

— Sophie o que aconteceu? – ele pareceu preocupado — Eu disse alguma coisa errada?

— Nada é que eu lembrei algumas coisas e agora sei que eu estou muito, muito longe de casa mesmo! – ele parou de cavalgar e desceu do cavalo me ajudando a descer. — Não pertenço a esse lugar.

— Eu percebi, suas roupas são muito estranhas... – ele falou e eu o olhei fazendo careta — Sem querer ofender... Mas mulheres não usam calças e nem sapatos peludos com formato de bichos. – ele me explicou.

— Essa é minha roupa de dormir... Não ando assim fora de casa! – eu disse para ele — Mas eu uso calças sim...

— Moças da sua idade usam vestidos abaixo do joelho, calças são feias em mulheres....

— Sinceramente eu não acho... Mas essa é a sua cultura. – Eu disse enquanto ele levava o cavalo a um estábulo e voltava abrindo a porta da casa onde a gente tinha parado em frente.

— Mãe? – ele disse ao entrar em casa — Mãe eu cheguei!

Posso dizer que eu quase ri com a cena de “Hallo Mamãe”?

Mas me segurei firme afinal ele me salvou e me trouxe para a casa dele, que era um amor... Era tudo muito lindo! Moveis arredondados, tudo muito iluminado e aconchegante e parecia uma casa de bonecas! Eu moraria ali numa boa, mas parei de pensar nisso e me escondi num cantinho escuro enquanto uma senhora gorducha e muito fofa entrava com uma menina no colo e um jovem que aparentava ter a minha idade que não me parecia estranho. Mas deve ser coisa da minha cabeça.

— Filho que bom que você chegou! – ela sorriu e beijou o rosto dele — Achei que você só viria depois de amanhã. – os olhos dela eram pura bondade.

— Consegui permissão para vir mais cedo... Mãe eu trouxe uma pessoa comigo – ele disse fazendo toda sua família olhar para mim me deixando constrangida — Encontrei ela andando perdida próxima a floresta, ela não sabe como veio parar aqui e nem sabia onde estava. Acho que perdeu a memória.

Fiquei grata por ele explicar tudo mesmo que exagerando um pouco. Dei um sorriso tímido e a mãe dele me olhou com compaixão.

— Oh minha querida... – ela se aproximou de mim —... você está com os lábios roxos, deve estar morrendo de frio com essa roupa. – ela olhou minha roupa e franziu o cenho — Vamos, venha tomar um banho e eu te emprestarei roupas novas... Vamos deixar os meninos conversarem enquanto isso... Ela foi me empurrando em direção ao corredor e quando passei por Thomas dei um sorriso agradecido.

— Muito obrigada senhora...? – deixei no ar para ela me dizer seu nome.

— Joanna querida. – sorri para ela. — Diga-me, o que você lembra da sua chegada a Panmidgard?

— Bom eu sei que estava pronta para dormir em casa e comecei a ler... Depois senti uma tontura muito forte e desmaiei, quando eu acordei estava aqui no meio da neve. – não contei a parte da luz que saia do livro, ela ia achar que eu era louca.

Ela me encarava com cara de dó, enquanto remexia em um baú em seu quarto pegando algumas peças de roupa. — Mas que coisa horrível, mas sua casa é muito longe?

— Bom, não conheço Panmidgard... – arrisquei o nome — Mas eu creio que minha casa é mais longe do que eu imagino. – senti meus olhos encherem de lagrimas, enquanto eu seguia ela até o banheiro

Ela me deu um sorriso triste — Bom, não pense nisso! Você vai voltar para casa, apenas tome banho e venha para sala conosco – ela foi até um pendurador de roupas e lá colocou um vestido e virou para mim — Sabe voltar para a sala de estar?

— Acho que sei sim... – sorri para ela — Muito obrigada por tudo dona Joanna. – disse sincera.

— Não precisa agradecer querida, apenas fique bem.

Ela saiu do quarto me deixando sozinha com uma espécie de banheira, liguei a torneira e deixei a água encher a banheira e depois entrei nela, a água estava morna e me fez sentir muito melhor, pensei em como eu voltaria para a minha casa e não consegui imaginar nada. Depois de um tempo sai da banheira me sequei e coloquei o vestido azul que Joanna tinha me dado, ficou certo no um corpo e imaginei se ela teria uma outra menina aqui da minha idade... O vestido era lindo, ele ia até meu joelho e tinha uma faixa preta na barra com dois laços pretos. As mangas eram pretas com pelos nas barras assim como no pescoço. Eu estava me sentindo muito bonitinha, coloquei as botas que estavam no pé da porta e fui para sala, passei pelo corredor arredondado e cheguei na sala e todos me olharam me deixando imensamente envergonhada e eu fiquei corada.
— Olha agora sim você está parecendo uma menina. – Thomas me provocou e eu revirei os olhos
— Obrigada... – resmunguei de volta, e ele riu.
— Não ligue para ele querida deixe-me apresentar meus outros filhos – ela apontou para a menininha loirinha que sorriu lindamente pra mim e me puxou para sentar ao lado da mãe dela — Esta é Lilly a nossa princesa, e aquele ali sentado no canto escuro de uma forma grosseira que eu não ensinei a ele é meu filho do meio Jeremy o antissocial. – ele me olhou e deu um sorriso breve então voltou a sua atenção para a Lilly. Esse garoto era muito familiar. — Meu marido está em missão pelo rei então é provável que você não o conheça.
— É um prazer conhecer todos vocês. – tentei parecer feliz apesar de não me senti assim, eles tinham uns aos outros, agora eu estou absolutamente só.
— Então você lembrou como veio parar aqui? – Thomas interrompeu meus pensamentos.
— Eu já disse tudo que eu lembro... – eu não ia dizer tudo eles achariam que eu sou louca.
— Querida pode contar se tiver algo te incomodando... – Joanna me olhava com expectativa
Fiquei levemente irritada... — Okay! Eu estava lendo um livro e ele começou a brilhar e agora eu acho que estou dentro dele, ou ele me transportou para um lugar onde casinhas são lindas e redondas e meninas só usam saia e não uma calça jeans. Podem me chamar de louca mais foi o que aconteceu!
Eles me encaravam seriamente quando Joanna finalmente falou — Nós acreditamos em você!
— Como? – perguntei
— Nós acreditamos em você – ela repetiu o que ela havia dito anteriormente.
— Por quê? – eu estava inconformada com eles — Desculpa, sem querer ser indelicada com vocês, mas eu não iria acreditar no que eu disse agora se eu estivesse no seu lugar. – eu disse tentando me acalmar.
— Não se desculpe querida, há 30 anos atrás quando eu tinha dez anos, uma profecia foi feita e que três portais seriam abertos e por eles passariam três “coisas” – ela fez aspas com a mão para dizer que eu não era uma coisa — e duas delas eram malignas e uma benignas – fiz cara assustada e ela sorriu — Creio que você é a benigna querida; e que iam causar grandes mudanças para nosso mundo. Creio que essa profecia está acontecendo.
— E como você pode estar tão calma? – perguntei a ela com uma cara meio triste.
— Porque meu pai era o profeta e me instruiu a manter a calma porque nossa família está destinada a estar no meio dessa profecia, ele me preparou durante anos, e eu preparo meus filhos para isso também.
— Você tem como me ajudar a voltar para casa? – perguntei com um fundo de esperança na voz.
— Sim, mas é muito complicado e arriscado. – ela me preveniu.
— Mas eu estou disposta a tentar... Quero passar o natal junto a minha família... – Disse com um leve sorriso ao lembrar dos presentes que eu comprei, enquanto eles me encaravam com curiosidade. — Aqui não tem natal? – todos eles se concentraram em mim, sem exceções.
— Não... O que é isso? – o menino mais novo me perguntou, o Jeremy – eu tenho a impressão que conheço ele de algum lugar — Você pode explicar? – ele me encarava com os olhos azuis acinzentados.
— Claro, bom o Natal é uma data comemorativa no meu... “mundo” – comecei a explicar — Essa data representa varias coisas, mas o fato que marca o natal surgiu de uma lenda, onde um homem produzia brinquedos de madeira, ele era um ótimo artesão, e um dia ele começou a dar esses brinquedos para crianças pobres em uma noite, vendo essa atitude os deuses concederam imortalidade, e um poder de viajar o mundo abençoando as crianças com presentes. – fiz uma pausa rápida para olhar todos eles, Joanna estava sorrindo, Lilly estava no colo de Jeremy com grandes olhos verdes brilhantes com seus cachinhos balançando totalmente empolgada enquanto ele sorria para ela, e Thomas escutava com atenção — Então criou-se a tradição de presentear os familiares e entes queridos no natal, e passar essa noite junto com a família e com quem se ama. Esse ia ser a primeira vez que eu daria presentes.
Todos me olharam com cara de compreensão. — Nós vamos de ajudar e você vai voltar pra casa. – quem me disse isso foi Jeremy o que realmente me deixou surpresa; e pelo visto não só a minha pessoa. Joanna sorriu em concordância.
— Bom, querida vou te explicar o que deve ser feito e vamos colocar você num rumo para voltar para sua casa! – ela sorriu — Mas agora vamos jantar e depois dormir, amanhã à tarde você estará pronta para seguir sua jornada.
— Muito obrigada mesmo, por tudo! – eu sorri para aquela família que tinha me acolhido e estava me ajudando, me considero uma pessoa de sorte!
O tempo passou e nos jantamos e conversamos sobre Panmidgard até que Lilly bocejou de sono e Joanna fez todos nós irmos para nossos devidos quartos para dormir, mais uma vez Joanna me deu roupas para dormir e me fez ficar com Lilly no quarto. Quando estávamos sozinhas a garotinha loira me olhava com certo entusiasmo.
— Que foi Lilly? – perguntei sorrindo para ela.
— Eu gostei de você! Sei que o Jeremy também gostou, assim como mamãe e Thomas... Mas Jeremy sente vontade de te ajudar!
— Fico agradecida de verdade, mas acho que vai ser meio perigoso – falei, pensando nas possibilidades lembrando do aviso do livro.
— Vai ser sim, mas eu sinto que você vai conseguir – ela disse e deitou e se cobriu – Boa noite Sophie!
— Boa noite Lilly.
Dormi pesadamente, mas tive sonhos confusos, não consigo lembrar muito bem as coisas que aconteceram no sonho, mas Jeremy estava presente e muitas coisas aconteciam, porém fiquei tensa a noite toda, depois disso acordei com Joanna arrumando Lilly para o café da manhã, ela saiu do quarto com a pequena me deixando sozinha para me arrumar. Depois que recoloquei o vestido que ela me emprestou ontem eu me direcionei para a sala onde encontrei a família no meio de uma discussão calorosa.
— Mãe não acho que o Jeremy é a pessoa certa – Thomas disse olhando nos olhos dela enquanto andava de um lado para outro, usando um tom muito ríspido enquanto Jeremy parecia ofendido no sofá. — Ele não tem como proteger a si mesmo quanto mais ele e Sophie! Eu sou um soldado preparado para isso. Ele é um tolo de achar que pode fazer alguma coisa a respeito disso! O Lugar dele é aqui! Ele não tem capacidade para uma coisa dessa. Ele jovem de mais, é fraco de mais!
— Thomas você sabe que não é assim que funcionam as coisas, você viu com seus olhos que tem que ser o Jeremy a acompanhar Sophie! – Joanna rebateu
Jeremy me viu na entrada da sala e baixou a cabeça e todos se viraram para me encarar, ele parecia envergonhado, mas não falou nada em sua defesa contra Thomas, que na minha opinião fui muito rude sem necessidade. Lilly estava agarrada ao seu braço.
— Sophie diga a eles que eu estou certo – Thomas me pediu — sei que você me ouviu!
— Você não está certo – disse a ele que me encarou chocado e fez todos na sala me olhar, Joanna estava com um brilho no olhar e Jeremy me encarava impassível.
— Como assim? – Thomas perguntou-me
— Primeiro porque você não tem o direito de tratar ninguém com essa arrogância toda – sinceramente não sei o que deu em mim, mas fiquei nervosa com que vi. — Segundo você não tem que falar assim do seu irmão! Não sei outra pessoa, mas eu não viajaria com alguém que fala desta forma de alguém da própria família! Isso é uma coisa horrível Thomas queria que você estivesse no meu lugar para sentir a crueldade das suas palavras, ou melhor, no lugar de Jeremy para sentir o irmão mais velho estúpido e asqueroso que você foi!
Ele pareceu chocado e eu realmente não sabia o que fazer agora... Queria dar meia volta e ir para o quarto me enfiar de baixo da cama de vergonha por ter falado assim com o cara que salvou minha vida e me trouxe a sua casa e me deu abrigo, porém o que ele fez não foi certo, então decidi o que fazer e dei meia volta e realmente fui para o quarto de Lilly e me sentei na cama e coloquei minhas pantufas nos pés balançando os pandas de um lado para o outro, ouvi batidas na porta.
— Entre... – falei num suspiro.
Jeremy colocou a cabeça loira para dentro — Oi. – ele falou meio sem jeito
— Oi – cocei a cabeça e ele entrou e sentou-se em uma poltrona de frente para mim.
— Obrigado. – ele falou e eu dei um sorriso triste e ia dizer uma coisa, mas ele me interrompeu. — Ele sempre me trata assim, mas eu nunca falo nada, não sei o que se passa na cabeça dele, porém não importa, minha mãe pediu para te contar tudo sobre a profecia, e o que você deve saber para conseguir chegar em casa. E eu vou com você! E está decidido. – Ele disse vendo que fiz cara de culpa, mas a expressão no rosto dele era tão calma e firme que eu não consegui contestar. — Bom me escute com atenção é uma história complicada de entender – ele deu um suspiro — Se você não entender alguma coisa me avise. – assenti com a cabeça — Isso começou quando a minha mãe tinha dez anos de idade, meu avô fez uma profecia falando sobre três portais, dois deles trariam o mal e um deles o bem, cada portal teria um par dele nesse mundo para que o que passou por ele pudesse retornar de onde veio. Os pares estão em lugares distintos e em pontos de poder ha muito esquecidos em Panmidgard e ele também previu que alguém de nossa família ajudaria alguém que passasse pelo portal. Bom como você presenciou, Thomas queria que fosse ele, mas por um acaso do destino quem tem que ir com você sou eu por três motivos: 1° ele serve ao rei tem que fazer o que mandarem ele fazer e não tem tempo para essa jornada; 2° Eu sonhei com a sua chegada a duas semanas atrás e contei para minha mãe, ela concordou e disse que eu já tinha me ligado a você através desse sonho e por isso tenho tanta vontade de te ajudar; Em 3° e ultimo lugar eu tive uma visão no café da manhã – tenho a impressão que puxei certos dons do meu avó – e agora eu sei os 3 pontos de poder. Ou seja, eu tenho que te acompanhar e te levar para casa.
Eu o olhava perplexa.
— Você não acredita em mim não é? – ele me perguntou.
— Claro que acredito! – respondi rindo — Fui sugada para dentro de um livro... Acredito em tudo o que você me falar!
Ele riu junto comigo, e se levantou — Bom vou falar com a minha mãe que já está tudo resolvido, tome café da manhã porque não sabemos quando vamos ter comida em abundancia assim de novo... Vou preparar os cavalos... – ele saiu andando e então parou — Você sabe montar?
— Um pouco, eu montava quando eu tinha entre nove e dez anos, já passou muito tempo... – falei a verdade.
— Okay, vamos dar um jeito... Quantos anos você tem? – ele perguntou.
— 19 e você? – voltei-lhe a pergunta.
— Tenho 20, bom vou indo... – ele sumiu pela porta.
Ele era muito calmo para um rapaz de vinte anos, se fosse outro teria partido para cima do Thomas. Bom melhor eu fazer o que ele disse... Vou tomar café para pegar minhas coisas e partir com ele. Fui indo para cozinha e ouvi Lilly falando com Thomas.
— Você não devia falar assim com ele... – Lilly dizia a Thomas, ela era uma criança muito sabia para a idade — Somos uma família, temos que ser unidos. Ele gosta de você e não ficou com raiva pelo que você disse, mas você mereceu ouvir o que Sophie falou.
— Ela deve me achar um cara horrível – Ele disse com um sorriso triste.
— Não acho que ela pense isso de você, ela não gostou da sua atitude. E com razão imagine como ela está sofrendo sem a família dela e você que tem a sua trata mal.
— Sabia que você é uma criança muito avançada pra sua idade? – Ele perguntou. — Meu parabéns você tem mais juízo que eu! – ela deu um abraço apertado nele.
Eu entrei na sala com vergonha, e ele me olhou e Lilly me deu um “Oi” simpático.
— Sinto muito Sophie. – me olhando com certa vergonha.
Eu sorri para ele — Não tem problema, mas acho que não é pra mim que você tem que dizer que sente muito.
— Eu sei, eu vou falar com ele. – ele sorriu de volta.
— Como um cavaleiro deve fazer! – Meu sorriso aumentou e o dele acompanhou o meu
— Sim como um cavaleiro do rei deve fazer! – ele fez Lilly sentar no sofá — Lilly cuide de Sophie vou falar com a mamãe e depois com Jeremy. – ele me puxou pela mão e me sentou ao lado dela. — Comportem-se senhoritas.
Depois de alguns segundos Joanna apareceu me chamando para tomar café, comi de tudo, e estava tudo ótimo, tinham umas comidas bem diferentes e gostosas que nem no jantar, quando terminei ajudei Joanna com a louça e fomos encontrar Jeremy no estábulo. Ele estava sentado olhando os pequenos flocos de neve que caiam, Joanna foi a te ele o abraçou e se afastou parando ao meu lado.
— Sophie foi um imenso prazer te conhecer, espero que dê tudo certo. – ela olhou para o Jeremy — Cuide do meu menino okay?
Eu sorri pra ela, mas ela não me deu tempo de responder e se foi me deixando com ele.
— Pronta pra partir? – sua voz era muito calma
— Sim... – eu disse sem muita convicção.
— Tem certeza? – ele insistiu.
— Tenho sim – eu disse soltando um suspiro — Eu estou com medo, mas eu tenho que voltar para a minha casa!
Ele sorriu brevemente.
— Então vamos – Ele olhou para dois cavalos, um cinza com pelos brancos nas patas e um preto com os mesmos pelos brancos nas patas, eles davam impressão que o cavalo usava calças “boca de sino” — Qual deles você quer montar? – Ele me perguntou e eu me aproximei para ver os cavalos mais de perto.
O cinza deu uma “bufadinha” rápida e encostou o focinho na minha mão e eu fiz carinho nele...
— Acho que sabemos qual cavalo você vai montar – ele sorriu — O nome dele é Skyline, o que eu vou montar, que é meu mesmo é o Handell. Quer ajuda? – ele indicou Skyline.
— Acho que sim, acho que perdi a prática, tenho medo de machucar ele. – falei olhando para cela.
— Tubo bem... – ele se aproximou e fez um apoio com as mãos onde coloquei o pé e me sentei de lado por culpa do vestido.
— Obrigado Jeremy – sorri pra ele.
— Não foi nada – ele disse e foi montar Handell.
— É... Jeremy você sabe para onde nós vamos? – perguntei, pois não fazia ideia para aonde eu ia – se bem que não faz diferença já que não conheço Panmidgard – será que ia ser uma viagem perigosa?
— Bom primeiro nós temos que achar os três portais, ter a sorte de não ter nada perigoso que já tenha passado pelos portais, encontrar o seu e te mandar de volta. Vamos começar pelo pinheiro na floresta de Goldencross que fica há um dia daqui. Vamos?
— Sim, temos um longo caminho a percorrer – eu olhei para o caminho cheio de neve.
Ele começou a seguir caminho com Handell e eu o segui com Skyline que estava se comportando bem comigo e eu pretendia ser bem comportada com ele também!
Cavalgamos por muito tempo e estava começando a entardecer – e minhas nádegas já estavam doendo – então Jeremy resolveu parar para montar acampamento, ele não estava com uma expressão muito boa no rosto. O que será que estava acontecendo? Resolvi não questionar e ajudei-o no eu podia pegando o que ele pedia, segurando algumas coisas, recolhendo gravetos para uma fogueira, já que tínhamos andado metade do dia e já estávamos bem longe de civilização. Jeremy estava com cara de preocupação e estava meio pálido, eu estava começando a me preocupar já.
— Jeremy está tudo bem? – perguntei me sentando na frente dele.
— Acho que não... – lancei um olhar preocupado e ele completou a frase —... Não se preocupe, eu estou bem, mas sinto que tem algo errado, tenho a sensação de estarmos sendo observados desde que saímos de Aelfric, isso esta me deixando preocupado...
— Eu não notei nada... – eu disse, pensando bem deve ser porque eu estava distraída com a paisagem e tomando cuidado para não machucar Skyline.
— Você me parecia um pouco distraída... – ele comentou.
— É você me pegou, eu estava mesmo. – sorri para ele mais não durou muito porque algo passou voando por mim e me fez cair para traz.
— Sophie você está bem? – em segundos Jeremy estava ao meu lado e em segundos fomos cercados por um mini tornado prateado reluzente cheio de pontos brilhantes.
— Jeremy o que é isso? – eu perguntei enquanto nossos cabelos esvoaçavam dificultando a visão.
— Eu não sei! – Ele respondeu segurando a minha mão e me puxando para perto dele — Mas fique perto de mim, não sei no que isso vai ajudar, mas mesmo assim fique perto. – ficamos ajoelhados por um tempo então o “minitornado” começou a abaixar a nossa volta.
Quando aquilo finalmente se dissipou nós não estávamos no acampamento, mas sim em um lugar desconhecido cercados por guerreiros muito bonitos, cada um com um aspecto diferente, uns com um jeito mais animalesco – literalmente, um deles tinha feições semelhantes à de um lobo prateado – e outros que se assemelhavam a pessoas, mas muito mais bonitas e de orelhas pontudas com os olhos com formatos oblíquos, ou seja, fomos pegos por elfos. Tenho uma enorme sensação de que eu estou sorrindo feito idiota enquanto olho para eles. Sempre fui fascinada por criaturas mágicas/mitológicas/fantásticas/sagradas e afins. Deve ser por isso que um deles está me olhando com uma cara de “Que garota estranha, capturamos ela e ela está rindo feito louca...” mas minhas conjecturas internas foram interrompidas porque o elfo que me olhava falou.
— O que vocês querem nas terras de Goldenleaf forasteiros? Quem são vocês? – A voz ele era forte, porém soava calma e eu fiquei encantada.
— Estamos indo para floresta de Goldencross – Jeremy falou respeitosamente — Bom nós humanos conhecemos a floresta assim por esse nome... E eu sou o Jeremy e ela a Sophie.
— Sim vocês alteraram os nomes sagrados de nossas florestas e devastaram nossa natureza! O que dois filhotes humanos querem em Goldenleaf?
Jeremy olhava pra ele com calma – como ele consegue? – então virou pra mim e disse: — Sophie conte a ele.
Arregalei os olhos e assenti.
— Bom senhor, é uma história difícil de acreditar, mas juro que é a verdade! – comecei a falar timidamente — Eu não pertenço a Panmidgard, eu sou de um... – fiquei em duvida do que dizer — De outro lugar... Eu estava começando a ler um livro em minha casa, e ele era um portal que abriu uma brecha entre dois mundos e eu vim parar aqui. – eu tinha certeza que o elfo ia rir da minha cara, mas ele não fez isso. Para minha surpresa ele sorriu!
— Estávamos esperando você já faz algumas primaveras. – Ele disse. — Venham, me acompanhem e levarei vocês a nossa rainha Sanmvia – ele me estendeu a mão e eu fiquei meio que em duvida. — Não tenha medo jovem criança. – olhei para Jeremy e ele me incentivou então aceitei a mão do elfo. — Meu nome é Yron. Perdoem nosso comportamento com vocês, mas ultimamente temos percebido algumas atividades estranha no tempo espaço e tendo previsões oscilatórias de futuros hora, horríveis hora de paz. Não é algo muito agradável viver incerto.
— Sei como é – falei baixinho enquanto seguíamos Yron.
— Sei qual seu problema e estou feliz por estar aqui! Nós podemos te ajudar, mas saiba que seu caminho quem constrói é você, tudo depende de quão forte será o vosso coração.
— Como? – Jeremy perguntou sem alterar o tom de voz macio.
— Sim, exatamente como você ouviu! Você está ajudando a Sophie, vai ter que ser tão forte quanto ela ou mais! Já que você é o consorte protetor dela.
— Entendo – Jeremy respondeu então paramos de andar. Foi então que me dei conta do lugar em que estávamos, era o lugar mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha vida, tinha arvores por todos os lugares e sua folhagem era um verde vivo lindo, elas eram todas interligadas pelos troncos e no alto de cada uma delas tinha uma pequena casa redonda. Elas todas ramificavam de uma linda arvore central que tinha uma porta no centro de seu tronco, mas ela não tinha dobradiça nem nada, ela fazia parte da arvore. Eu estava completamente encantada, mas eu não era a única... Quando olhei para Jeremy ele tinha um sorriso nos lábios. Mas pensando bem, não tem como não sorrir diante de um lugar desses.
Yron nos levou até aquela porta. — Entrem Lady Sanmvia aguarda vocês.
Nós fizemos o que ele disse e quando entramos, ondas de calor turvaram minha visão me deixando brevemente tonta e me fazendo enxergar a mulher, digo elfa mais bonita desses dois mundos no qual estive, Jeremy e estava de boca aberta eu não consegui conter direito a vontade que tive de rir da cara dele.
— Olá crianças... Sophie e Jeremy... Crianças de bravo coração e propósito puro vou lhes dizer o que fazer, mas vocês tem que agir muito rápido! O Tempo de Sophie está se findando. Existe uma passagens de volta para seu mundo e duas formas de voltar! Você terá que fazer a escolha certa para o seu coração. Passará por outros dois portais males nunca vistos nessa terra, e eles terão acesso ao seu mundo também se os portais não forem destruídos, Jeremy já sabe o que fazer em relação a eles, mas tudo vai depender da força de seu coração! – ela se virou e pegou três folhas, uma dourada, uma vermelha e uma azul e colocou sobre a mão do Jeremy — Basta segurar uma delas na mão e pensar no local certo e vocês estarão diante do portal. Façam a coisa certa! Vão crianças e cumpram o seu destino!
Jeremy olhou pra mim. — Você está pronta?
— Não, mas eu tenho que estar – respondi para ele.
— Você confia em mim? – ele me perguntou olhando em meus olhos.
— Confio! – respondi e me dei conta que eu confio em Jeremy de verdade.
Ele sorriu para mim e segurou uma das minhas mãos e me disse: — Vermelho ou azul?
— Vermelho! – ele pegou a folha vermelha e colocou na palma da minha mão fechou e segurou fechando a minha mão entre a dele e nós sentimos um vento circular nossos corpos e então senti uma fisgada no centro do meu corpo então senti um vento gelado e floquinhos de neve caindo sobre meu rosto.
— Vamos Sophie não temos muito tempo... – Ele me olhou preocupado — Você pode sentir? – ele me perguntou enquanto me puxava pela mão para segui-lo.
Eu me concentrei pra ver se eu sentia algo diferente, e o que me surpreendeu foi que senti um aperto no coração e tive uma sensação estranha. — Sim, tem algo muito estranho acontecendo.
— E vai passar pelo portal se nós não o encontrarmos rápido isso vai passar por ele e muita coisa ruim vai acontecer. – ele acelerou o passo.
Em pouco tempo estávamos correndo entre arvores e rochas que tinha por ali até que então chegamos à entrada de uma caverna.
— É aqui o primeiro portal! – Jeremy disse — Foi aqui que eu vi! Nós precisamos tampar essa caverna!
— Como fazer isso? — eu perguntei.
— Eu realmente não sei te dizer...
Olhamos em volta a procura de algo que pudesse fechar a caverna e não deixar que nada passe por esse portal, analisando a paisagem para descobrir algum meio de bloquear a caverna e destruir o portal para nada passar por ele.
— Vamos ter que entrar na caverna para achar o portal e destruir ele, e como a caverna virou um local de poder nós vamos precisar vedar a caverna. – ele me falou pensativo.
— Então vamos logo! Não temos tempo a perder! – Eu tomei a frente e comecei a andar em direção a caverna com cuidado para não tropeçar e cair nas pedras molhadas pela neve.
Jeremy me seguiu com o mesmo cuidado para não cair e tomando cuidado para que eu não caia, percebi que ele me guardava enquanto estávamos andando. Ele era um fofo – sério nunca ninguém fez isso comigo – seguimos pela caverna até encontrar um cristal que emanava um luz muito forte que me lembrou a luz que saiu do livro que eu estava lendo e reconheci na hora que aquele seria o portal!
— Jeremy?! – eu olhei para ele e ele confirmou com a cabeça. — Como vamos destruir esse cristal? Ele é enorme e duvido que se jogarmos no chão ele vá quebrar.
— Fogo! – olhei pra ele inquirindo-o — A visão que tive é que o cristal se rompe com as chamas.
Olhei para a caverna e percebi que as estalactites e estalagmites estavam muito fracas e qualquer coisa iriam desabar.
— Jeremy eu tenho uma ideia, mas vamos ter que ser muito rápidos mesmo! – ele assentiu com movimento de cabeça — As estalactites e estalagmites do dessa caverna estão muito frágeis, se a gente conseguir causar uma pequena explosão com esse cristal à caverna inteira vai ceder, nós vamos ter que ser rápidos. Será que a gente consegue?
— É uma boa ideia! Ela é arriscada, porém muito boa, esse cristal está com sobrecarga de energia, romper ele numa mini explosão vai ser fácil. E se você se machucar? - perguntou ele
— E se “nós nos machucarmos” você quis dizer não é? – olhei para ele séria — Vamos fazer isso juntos! – ele me lançou um olhar contrariado.
— Não sei não...
— Confia em mim – estendi a mão para ele.
— Confio! – ele riu da brincadeira que fiz.
Fomos até o cristal e Jeremy pegou uma faca e um acendedor, nós arranhamos o cristal até ele soltar uma luz que era quase um aviso de perigo, com o acendedor conseguimos fazer uma labareda entrar naquele rachado e o cristal começou irradiar um brilho vermelho e trincar.
— Vamos embora daqui! – ele me puxou e saímos correndo da caverna e nos afastamos o Maximo possível, pois não sabíamos a dimensão da explosão.
Nós paramos a alguns metros de distancia e conseguimos ver a caverna explodir e um mini cogumelo de fumaça sair dela e nós ouvimos um grito irado horrível. Fiquei assustada e olhei para Jeremy.
— Melhor nem querer descobrir o que era – ele estava com um olhar mortificado. — Vamos não temos tempo. – ele pegou a folha azul e colocou na minha mão fazendo a mesma coisa que a primeira, então as sensações já conhecidas pelo “tornado prateado” nos pegaram e nos levaram a outro lugar.
Assim que chegamos nós nos deparamos com uma cachoeira linda. Era o azul mais bonito que eu já tinha visto.
— Vamos? –ele tocou no meu braço.
— Sim, e onde está o portal? Você sabe o que é? – perguntei curiosa.
— Sei sim, para os dois... – ele sorriu —... É aquela estatua ali – ele apontou para uma estatua do outro lado do riu e então eu reparei em uma estatua de um urso com um peixe na boca.
— Como nós vamos destruir isso? – perguntei em choque.
— Simples, nós vamos derrubar ela. – continuei encarando ele com uma cara cética. — Com isso... – ele me mostrou um pedaço do cristal que estava com um fraco brilho inconstante.
— Jeremy... – nem soube o que dizer pra ele.
— Você disse que confiava em mim.
Okay ele me pegou nessa, sorri para ele — E eu confio em você – levantei o acendedor e ele riu.
Ele pegou a mochila que estava nas costas e de lá tirou um arco e flecha compacto, e começou a montar para atirar o pedaço do cristal em chamas na estatua, enquanto eu observava a estatua. Ela era muito bonita, seria uma pena destruí-la. Mas comecei a mudar de ideia quando vi um braço saindo de dentro do urso.
— Jeremy...
— Só um minuto...
— Jeremy tem um...
— Pera ai... – ele estava olhando para baixo e não viu o braço saindo da estatua.
— JEREMY TEM UM BRAÇO SAINDO DA ESTATUA. – gritei para ele desesperada.
Ele levantou a cabeça empunhando o arco e mirou na coisa. — Acenda o cristal Sophie!
Eu fiz o que ele pediu e tudo aconteceu muito rápido, em um minuto uma coisa enorme e escura de olhos vermelhos estava saindo com a metade do corpo de dentro da estatua, eu abafei um grito e Jeremy lançou uma flecha incandescente na testa daquela criatura horrenda que por sua vez lançou um dardo negro que acertou meu ombro direito.
— NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO – ouvi um grito abafado enquanto eu ia caindo no chão, acho que me desequilibrei. Comecei a sentir meus olhos pesando muito.
Senti os braços de alguém me erguendo. Por quê? Um garoto loiro me olhava com cara de dor, ele fala coisas que eu não conseguia entender. Ele segurou meu rosto com uma das mãos... Eu conhecia ele, como é seu nome... Ah! É Jeremy, ele está me ajudando. Ele colocou uma folha na minha mão e eu senti um ventinho muito legal levantando meus cabelos e logo depois estava sendo deitava em uma cama confortável ouvindo conversas paralelas...
— Ela não pode ficar em Goldenleaf, ela vai acabar morrendo Jeremy...
— Eu não vou deixa-la fazer uma viagem de treno sozinha com um senhor nesse estado...
— Mas Jeremy nós não sabemos o que pode te acontecer... Não sabemos como é a ponte de Goldenleaf com o mundo dela!
— Eu não me importo! Eu vou com ela!
— O único portal aberto agora é o portal do Claus...
Olhei para o lado e vi um senhor por volta dos 50 anos com uma cara de ser super gente fina.
— Você vai ter que pedir a ele... — Uma elfa muito linda falava com Jeremy.
— Senhor eu prometi cuidar dela. Não posso deixa-la ir assim, eu tenho que ir junto... — O olhar de Jeremy era suplicante. De quem eles estavam falando? Quem ia morrer? Senti uma pontada no ombro.
— Claro que você pode filho. – O senhor com cara simpática respondeu.
— Muito obrigado. – ele voltou-se para mim — Não vou te deixar sozinha.
Eu acho que dei um sorriso para ele não tenho muita certeza e meu sono me pegou de volta.
— Filho saiba que o tempo e espaço daqui é diferente do mundo dela... – ouvi o cara legal falando.
— Não tem problema...
Apaguei...

Quando acordei no meio da noite sentindo um vento gelado e um mal estar e me aconcheguei em alguém quando abri um dos meus olhos vi que era Jeremy e que ele sorria para mim.
— Sophie Claus vai precisar de um favor seu. – olhei para ele prestando atenção — Você pode ler umas paginas desse livro? Ele me deu um livro da capa vermelha com pinheiros que me era mortalmente familiar.
— Claro que leio... – fiz uma careta porque minha voz estava pastosa... Jeremy riu. Ele estava muito bonito, não que ele não fosse bonito sempre, mas hoje ele está especialmente bonito com essas estrelas em volta da “loirisse” dele. Peguei o livro da mão dele e li em voz alta:

“ O desconhecido você enfrentou.
E algumas vitórias conquistou.
Para casa agora irá voltar.
Mas a sua vida nunca mais a mesma será
Agora você sempre terá.
Alguém para te proteger e acompanhar”

Jeremy me olhou sorrindo enquanto uma luz forte nos envolvia, então ele se abaixou e deu um beijo nos meus lábios então senti meu rosto esquentar...
Apaguei.

Quando acordei Estava em casa e um homem de vermelho e o taxista que me deu o livro estavam me olhando.

— Descanse Sophie. Sempre que precisar estarei com você – ele me deu um selinho e levantou e saiu da sala me deixando sozinha.
Foi então que eu me dei conta de tudo que aconteceu, e que o Jeremy é o Jeremy e eu tinha ido pra outro lugar e... E é melhor eu não falar mais nisso...
Apenas não sei dizer se esse foi o melhor ou o pior natal da minha vida...
Mas sinto que no fundo sei a resposta.
Fui dormir sorrindo.