sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Não Foi Apenas Um Sonho '20' - {Final}




Comecei a caminhar com cuidado lá dentro da câmara, pois, lá tinha muito mais pedregulhos no chão - e esses eram pontudos - e meus pés estavam realmente doloridos e também estavam sangrando - o que não facilitava minha caminhada "silenciosa" - porém aquela força estranha continuava a me fazer caminhar sem tréguas para descanso em direção ao desconhecido, o medo me acoitava por dentro mais eu tinha que continuar se não essa agonia só se prolongaria e me faria sofrer mais.
Depois de um longo tempo caminhando parece que cheguei ao salão central dessa coisa a iluminação era meio fraca, mas ao centro do salão haviam dois púlpitos e entre eles uma mesa de pedra e no centro dela haviam três tipos de armas: Um arco com uma única flecha dourada, um punhal com o cabo em prata com escritas entalhadas em ouro e uma espada medieval.
Algo me dizia que no fim eu usaria alguma delas porém não sabia qual e nem porque usaria ou em quem usaria, mas preferi não pensar nisso agora, me direcionei a aos púlpitos e sobre cada um deles tinham livros.
Caminhei a um deles e o abri, lá pude ler toda a história que Lúcifer fez passar por minha mente, eu já sabia o que eu teria que fazer... Eu não posso viver sem que tenha altas consequências, minha vida toda é uma maldição.
Resumindo: Minha existência é um mal que deve ser eliminado, porém eu não posso morrer.
É um dilema... Se por um acaso eu for morta o caos invade o mundo, se eu viver vou passar o resto da vida fugindo de pessoas que querem me matar e ser infeliz pelo resto da minha "imortalidade".
E tem mais essa... Descobri que sou um demônio, então eu não morro a não ser que alguém com poder superior ao meu me mate... Deus do céu eu estou ficando muito confusa, não sei nem mais o que pensar, porém eu não tinha mais tempo para pensar, um barulho me arrancou  dos meus pensamentos confusos.
Olhei em volta na esperança de saber de onde veio o som, mas foi em vão, não consegui enxergar muito bem porque a luz daquele lugar era muito precária. Mais um som foi feito na câmara então meu desespero se formou.
Tive certeza que vi um reflexo de olhos laranjas em algum lugar daquela sala. Sei que o fim de tudo isso está próximo, e pelo que vejo o desfecho não vai ser muito bom para mim.


Aidan
Eu não aguentava mais ver Luci naquele desespero e confusão.
Eu não posso mais deixar ela sozinha.
E aquele cara já a alcançou.
Levantei-me e me concentrei, aos poucos fui achando a sintonia da aura de Angeline e tentei fazer contado com ela que quando percebeu minhas intenções baixou a guarda, aproveitando esse momento mostrei a ela tudo o que havia acontecido com a Luci e pedi permissão para intervir e tirar ela de lá, mesmo sendo arriscado para mim, não posso deixar que algo ruim aconteça com ela, não iria aguentar uma eternidade de autodesprezo.
Angeline considerou as implicações que meus atos teriam e ficou um tanto contrariada, mas mesmo assim cedeu pois todos sabemos que  será muito pior me manter longe de Luci e deixa-la morrer para o caos se instaurar na terra fazendo os grandões ter grade trabalho nas mãos para poder renovar a terra, afinal não é do interesse de ambas as partes o mundo espiritual e o humano misturados de uma forma caótica.
Deixando minhas reflexões de lado... Já passou da hora de ir salvar Luci.


Luci
A baixa luz do lugar dificultava a minha visão, mas a todo custo eu estava tentando me esconder, não posso morrer. Meu pensamento foi interrompido um forte pancada em meu rosto me lançou contra a parede oposta do lugar, senti pedras pontudas nas minhas costas e uma onda de dor subiu pela minha espinha enquanto meu rosto queimava e sangue escoria pelo canto da minha boca, eu fiquei absurdamente tonta e senti uma mão me erguendo pelos ombros.
— Pronta pra morrer garota? – A voz do cara que me sequestrou invadiu meus ouvidos. O pânico começou a me invadir e eu me debati com toda força, e isso só me fez sentir outro tapa no rosto.
— Ninguém nunca lhe ensinou que é feio bater em mulheres? – a voz reconfortante de Aidan — Larga ela cara. – Tentei olhar Aidan mais foi meio complicado devido à imobilização do meu pescoço.
— Então você quer que eu a solte? – o cara deu um sorriso maligno — Tudo bem! – ele riu malignamente e me lançou contra a parede mais próxima onde eu senti minhas costas sendo perfurada por uma parte pontiaguda da parede me fazendo sentir uma dor horrenda que fez minha visão ficar turva me encolhi ali mesmo enquanto uma onda de poder invadia o lugar fazendo a atmosfera ficar pesada a ponto de fazer a minha respiração pesar. Levantei a cabeça e vi que Aidan e o cara se atracando ferozmente numa luta que eu não conseguia acompanhar tamanha a velocidade dos golpes.
Eu comecei a me sentir mal e uma vontade de vomitar me dominou, quando vi os dois pegarem duas das três armas que tinham ali na câmara, em uma luta que levaria os dois a morte - mas o Aidan não pode morrer - o desespero tomou conta de mim enquanto via golpes dilacerando a carne dos dois então tentei levantar, foi quase impossível, pois a força que dominava o ar dificultava meus movimentos e quando consegui levantar cambaleei até o arco com a única flecha que restou.
Ao colocar a mão nele vi tudo o que acontecia de uma forma diferente...
Vi que o cara dos olhos laranja era a personificação do caos que vinha vindo pessoalmente me matar, flash de varias eras se revelaram pra mim e pude ver que está história se repetia de diferente formas com diferentes pessoas e diferentes civilizações mas o que me preocupou foi o fato do caos sempre se instaurar no mudo e reinar por fraqueza de uma pessoa.
Sim fraqueza.
Para o caos ser preso essa flecha tem que atravessar a personificação dele, mas eu tenho que estar junto a ele.
Não posso morrer sozinha se não ele estará livre, mas se morrermos juntos ele será preso pelo resto da eternidade. Vi que Aidan viu tudo que vi, pois ele estava aturdido.
Ele teria o papel de "mão de deus" nisso, ele vai ter que lançar a flecha.
Num movimento que nunca achei que seria capaz de fazer me lancei conta o Caos e deixei a flecha e o arco para Aidan que rapidamente pegou preparou e lançou flecha enquanto uma lagrima descia pelo seu rosto perfeito.
A flecha atingiu a mim e o Caos no peito com uma precisão impecável, olhei pra Aidan e sorri movimentando meus lábios formando um "Eu Te Amo" então apaguei em uma luz branca esplendida que me envolvia de forma carinhosa.

Eu estava pronta pra me tornar um só com aquela luz que avia me levado para um belo campo de rosas brancas, eu realmente gostei daquele lugar, as rosas se misturava com o vestido branco que eu usava, e a luz fazia tudo ao redor dela belo feliz, tudo o que ela tocava transmitia paz, me sentei entre as rosas sentindo a maior calma do mundo senti uma dor forte como se algum animal se revirasse e saísse de meu peito.
Essa dor foi me puxando e me afastando da cálida luz que me esperava, eu resistia, eu queria ficar em paz ali, mas essa dor insistente no peito me puxava e me arrastava com toda a força para fora daquele jardim quando olhei para o lado em que era arrastada vi um rosto de um homem muito bonito, ele parecia estar sofrendo e desolado - senti pena dele - lagrimas escorriam por seu rosto e isso me incomodou... Ele não devia chorar...

Aidan...

Quando percebi quem era ele corri para dor. Corri para ele. Não vou deixa-lo chorando, não vou permitir que ele sofra por mim! A luz que uma hora eu desejava me pareceu a pior coisa do mundo "tentáculos" de luz tentavam me prender e puxar de volta para o jardim, mas eu não queria mais aquele lugar, corri loucamente tentando me livrar da luz que me puxava enquanto gritava loucamente o nome do Aidan, eu estava quase conseguindo... Quase chegando, a mão dele estava estendida pra mim, e por um pouco eu quase não consigo segurar, segundos depois tudo escureceu e eu entrei em um mar de dor.
Tentei abrir meus olhos e pude ver o rosto machucado e ensanguentado dele.
Sorri.
- Luci? Luci? Luci você está comigo? – Ouvi a voz dele desesperada — Me responda, por favor...
Me forcei um pouco para manter os olhos abertos olhando no fundo de seus olhos, levantei uma das mãos para o rosto dele e respondi:

 — Pela eternidade.