segunda-feira, 9 de abril de 2012

Eu Também Quero Caramelo



Eu estava em casa sem ter o que fazer quando me deu uma súbita vontade...
— Cara eu quero comer caramelo!
Peguei minha bolsa e fui até o mercado mais próximo de casa que por sinal já está quase fechando... Já são dez e quinze da noite e ele fecha às dez e meia, por tanto só tenho quinze minutos para comprar o meu caramelo.
Sai correndo e entrei no mercado igual a uma louca procurando a sessão dos doces quando ouvi...
“Senhores clientes informamos que o mercado fichará em dez minutos, favor se dirigir aos caixas. Boa Noite”
Entrei em desespero... Meu Deus, não posso ficar sem o caramelo se não vou ter um ataque.... Sim pode me chamar de louca compulsiva e maníaca por doces.
Eu sou mesmo!
Estava correndo em busca do meu caramelo e olhei no relógio eram dez e vinte e cinco.
— Ai meleca... – Disse começando a correr. E foi bem nessa hora que eu bati em alguma coisa... Para ser mais precisa em alguém e cai... Simples e vergonhoso assim.
— Ai... Saco é pedir de mais um pouco de caram...
Deixei a frase no ar quando me deparei com um par de olhos de um verde estranhamente lindo que me fitavam.
VERGONHA!
Deixei meu cabelo cair sobre o rosto.
— Você está bem?
Ele me estendeu a mão e por um momento esqueci que tinha voz e o modo como eu deveria usa-la, só consegui balançar a em reposta enquanto levantava... Eu estava me sentindo absurdamente vermelha... Mas depois do choque consegui me pronunciar que nem uma pessoa normal.
— Hã... Desculpe-me eu não te vi... Eu tava procurando caramelo... – Disse meio envergonhada.
— Sério? Eu também quero caramelo. – Me respondeu o rapaz rindo pela coincidência
Ele disse sorrindo e não resisti e sorri de volta quando algo me veio à mente...
— Que horas são?... – Me perguntei do nada... Ele deve estar começando a pensar que sou autista.
Olhei para o meu relógio e vi que eram onze horas da noite!
— PUTZ... São onze horas da noite já! – Falei meio que entrando em desespero.
— Mas Já? – Ele arregalou os olhos.
— Já... Quando a hora passou rápido assim? – Estava espantada.
— Realmente passou muito rápido.
Eu o peguei pela mão e fui em direção à porta quando vi o eu não queria.
— A porta já fechou. – Somente relatando o fato a nossa frente.
— E com certeza está trancada!
— Maravilha na ervilha... Estamos presos.
— Só nos resta esperar...
— Quer saber de uma coisa – Comecei a andar de volta ao o corredor em que estávamos e comecei a procurar meu caramelo.
— O que você está fazendo? – Ele me olhava como se tivesse algo errado comigo.
— Vou comer meu caramelo! – Respondi com calma.
— Sério? – Ele perguntou incrédulo
— Sério... Eu fiquei presa aqui porque queria comer caramelo, nada mais justo! – Respondi com simplicidade.
—É verdade... Mas isso não é crime? – Ele me olhava apreensivo.
— Vou pagar por eles! – Respondi séria
— Então tudo bem... – Ele acabou concordando
Sentei com um saco de caramelos na mão e peguei o primeiro... Só o cheiro dele me fez perceber o quanto eu estava com fome e com vontade de comer aquilo.
O cara que estava preso comigo sentou ao meu lado e riu um pouco.
— Meu nome é Matthew... E o seu? – Ele me olhava enquanto abria seu próprio caramelo.
— Melani. – Respondi olhando em volta.
— Acho que vamos ter que dormir no chão... – Ele me pareceu preocupado.
— Ou não aqui é um mercado... Tem que ter aqueles colchões infláveis.
— Verdade Melani. Eles vêm com a bomba né?
— Sim, eles vem – Sorri pra ele.
Eu me levantei e comecei a andar, e ele me acompanhou olhando em volta procurando os colchões.
— Onde você vai?
  — Sorvete – Acabei dando um sorriso muito grande ao pensar em sorvete.
— Você não acha que está frio de mais? – Ele me olhava como se fosse louca.
— Nunca é frio de mais para tomar sorvete! – Soei meio maníaca com isso, mas fazer o que essa sou eu!
— Doida.
Eu peguei um sorvete do freezer que tinha ali perto.
— E como você vai tomar isso Melani?
Dei uma risada...
— Matthew, Matthew... Aprenda comigo, me siga.
Fomos até o setor de festas e abri um saquinho cheio de colheres de plástico.
— Assim!
Entreguei uma colher a ele e começamos a tomar o sorvete. Quando terminamos eu estava tremendo de frio... Sim ele tinha razão, mas não vou falar isso em voz alta certo?
— Eu disse que você passaria frio! – Ele disse num tom amigável, mas levemente acusatório.
— Normal... Logo mais passa... Quero chocolate!
— Você não para? – Ele me olhou com incredulidade nítida!
— Não! Sou gorda... Chocólatra e estou ansiosa... Preciso de um chocolate Matthew!
— Você não é gorda... Mas tudo bem vamos pegar seu chocolate, mas me chama de Matt ok.
— Okay... Matt – Fiz uma careta leve ao falar o nome dele que o fez sorrir e as suas covinhas aparecerem.
No caminho para os doces ele pegou um colchão grande e a bomba de encher. Enquanto eu comia meu chocolate ele enchia o colchão e quando terminou olhou pra mim e riu.
— Você ainda está tremendo de frio.
Ele se aproximou de mim e me abraçou... Fiquei toda vermelha e sentia minhas bochechas queimarem, ficamos assim um pouco e quando ele me soltou e abriu um lindo sorriso pra mim. De novo as danadas das covinhas apareceram.
Golpe baixo esse!
Sentamos-nos no colchão e eu comecei a ficar com sono e acabei bocejando.
— Pode dormir Melani, eu cuido de você. – Ele falou calmo.
Quando ele disse isso ele se aproximou e não me deu tempo de reagir me dando um selinho delicado. E eu senti todo o sangue do meu corpo subir todo para as bochechas e o sorriso dele aumentou.
— Não precisa ficar com vergonha, pode dormir tranquila eu vou cuidar de você, não vou deixar que nada te aconteça... E não vou fazer nada com você! Prometo. – Ele ria — Não sou nenhum maníaco!
— Não disse isso. Obrigado Matt.
Ele sorriu de novo. Se ele não parar com esses sorrisos eu não vou aguentar não...
Como se ele tivesse lido minha mente ele segurou meu rosto e me beijou com carinho... Como eu disse, eu não aguentei e correspondi ao beijo... Parecia que eu o conhecia há muito tempo... Quando nos separamos sorri envergonhada e ele beijou minha testa e me puxou num abraço.
Eu encostei-me ao seu peito largo e adormeci muito rápido.
De manhã quando o mercado abriu explicamos tudo ao gerente e pagamos por tudo que usamos e consumimos e saímos de lá... Ele me levou até em casa...
— Melani posso te ligar? – Ela fez uma careta fofa!
— Você quer levar isso à diante? – Perguntei surpresa.
— Sim. –Ele respondeu simples e deu mais um daqueles sorrisos malignos. – Pode acreditar!
Sorri e fiz sinal para ele entrar na minha casa...
Geralmente fico nervosa com as coisas que me acontecem rápido demais, mas dessa vez... Simplesmente não consegui dizer não.
Algo no fundo não me deixa duvidar dele.

“Duvida da luz.
Dos Astros...
Que o sol tenha calor.
Duvida até da verdade...
Mas confia em meu amor!”       - William  Shakespeare.